Escrita e Formação Continuada de Educadores Infantis: Possibilidades, Reprodução e Crítica do Conhecimento

Resumo

O artigo apresenta resultados de pesquisa sobre o sentido e o valor das produções escritas a respeito do trabalho pedagógico no contexto das funções que ocupam Educadoras Infantis, avaliando a função reflexiva ou protocolar dessa atividade e seu efeito na formação em serviço. A experiência foi conduzida pela hipótese de que a mediação da escrita na ação pedagógica contribuiria para que o educador compreendesse melhor seu trabalho, tornando-se mais consciente, e possibilitasse uma reflexão que estimulasse a percepção crítica do contexto. Verificou-se ao longo do trabalho que não é o uso em si da linguagem escrita como mediação da ação pedagógica que conduz o trabalhador da Educação Infantil a refletir sobre o trabalho ou à percepção crítica do processo em que se encontra. Avançando no estudo da hipótese inicial, concluiu-se que esta carregava suposições comumente aceitas, mas pouco claras, do uso da linguagem escrita pelo docente em serviço. A ação reflexiva pode revelar conflitos, mas apenas pelo acesso a conhecimentos estabelecidos e pela produção de novos conhecimentos, conquistando seu lugar no jogo de poder – que pode ser disfarçado por uma relação hierárquica internalizada pelo educador. Pelo investimento de poder na origem da escrita e crescente sofisticação deste investimento, apesar das outras possibilidades que a escrita trouxe ao pensamento, há a tendência de valorizar a educação para subordinação ao modelo social e econômico capitalista. A principal questão que permanece é em que condições a prática da escrita da Educadora Infantil pode intermediar um processo de reflexão que favoreça sua formação continuada em serviço num sentido emancipador.